Quem é a Família?


Somos uma família que adora viajar. Desde antes da chegada das crianças, sempre viajamos. Quando o orçamento é apertado, viajamos para perto, de carro, de ônibus, acampamos, caminhamos, farofamos. Quando o orçamento permite, voamos mais alto, viajamos para longe, conhecemos culturas novas, países novos.

Já visitamos cerca de 20 lugares como família, e mais de 50 individualmente, no Brasil e no mundo. Mal chegamos de uma viagem, já começamos a planejar a próxima, nem que seja daqui a seis meses, um ano... Pensamos em férias 365 dias por ano!

Na nossa busca por uma viagem sempre interessante, frequentemente nos deparamos com falta de informações sobre as viagens em família. Excluindo destinos óbvios como a Disney, dificilmente encontramos recomendações sobre os outros lugares: o que fazer, deixar de fazer, cuidados a tomar, quando viajamos para esses locais com crianças. Por isso resolvemos compartilhar nossa pequena experiência com quem estiver interessado em viajar em família.

Nem precisamos dizer que achamos muito bom viajar assim, pois passamos tempo juntos, fazemos coisas legais que nem pensaríamos em fazer em casa, e pagamos muitos micos juntos. Estamos abertos para perguntas e para dar sugestões sobre os lugares que já visitamos. Não deixe de viajar com suas crianças: a nossa família recomenda!


UMA BREVE HISTÓRIA DE PEQUENAS VIAGENS

Quando éramos crianças, nossos pais não tinham muitos recursos - tempo e dinheiro - para nos levar em viagens como fazemos com nossos filhos. Exceto uma viagem ao sul do Brasil, e outra a Foz do Iguaçu, não houve muitas oportunidades para conhecer o mundo. Com o tempo, fomos crescendo, a situação foi melhorando, e só na adolescência foi que a família passou a fazer uma viagem diferente a cada ano - Nordeste, Caribe, Angra, um cruzeiro... Além dessas, uma viagem solo à Disney (a minha foi com 10 anos), e a viagem que mais me marcou na adolescência: 20 dias na Europa de excursão (na época meninas não faziam mochilão, então minha irmã e eu fomos de ônibus mesmo), que escolhi ganhar de presente de 15 anos, no lugar de uma pomposa festa. Então devo ter pego o vírus das viagens mais ou menos por essa época, antes mesmo de constituirmos nossa própria família.

Recém-casados: acampamentos e longas caminhadas...
Nossos primeiros anos de casados foram de vacas magrinhas, ainda sem crianças. Mesmo com dinheiro limitado, procurávamos o que estivesse ao nosso alcance: pegávamos o carro no fim-de-semana e nos embrenhávamos pelas montanhas, ora dormindo em pequenas pousadas de São Francisco Xavier, ora acampando em Itatiaia, ou ainda ficando na casa da D. Lúcia em Cunha. Sempre uma opção barata, mas cheia de personalidade, aconchego e uma pitada de aventura. Fazíamos travessias de fim-de-semana a pé, dormindo em barracas no caminho, ou nos perdíamos de carro por pequenas estradas nas montanhas. Até resgatados pela Porto Seguro em Itatiaia já fomos... Voltamos de táxi para São Paulo - a corrida de táxi mais longa da história: uma viagem de 4 horas da qual até hoje damos risada.

Nessa época, poucas e ótimas viagens para longe de casa: mergulho em Cuba, Isla Margarita, uma viagem a Aspen que ganhamos da revista Próxima Viagem. Sempre parcelando, usando milhas para pegar passagem, e a mais luxuosa viagem que fizemos foi totalmente de graça! Seja com sacrifício ou com um pouquinho de sorte, tudo conspirava para que nossa vida de viajantes nunca ficasse sem tempero.

A primeira viagem com nosso bebê: choro e noites maldormidas
Durante a gravidez, enquanto esperávamos a chegada de nosso filho tão querido, tentamos viajar, mas os enjoos falaram mais alto. Então foi a única época de nossa vida em que ficamos parados. Quando nosso filho finalmente nasceu, na primeira oportunidade que tivemos (nosso bebê tinha 6 meses de idade), enchemos o porta-malas do carro com carrinho, fraldas, lenços umedecidos, sacola para bebê, e partimos rumo a Campos do Jordão. Com o bebê fora da barriga, finalmente estávamos livres para viajar de novo!

Nossa primeira viagem com criança não foi fácil. Todas as noites nosso filho chorava por dormir em um berço estranho. Chorava na hora do banho porque o banheiro e a banheira eram estranhos. Nosso sono ficou totalmente defasado, de dia íamos a lugares lindos como o Horto, mas estávamos meio "zumbis". Mesmo assim, curtimos a viagem e, na volta, não podíamos evitar uma sensação de missão cumprida! Foi assim que começamos a construir muitas memórias boas e até engraçadas de nossas viagens em família...

Antes da pré-escola: economia em primeiro lugar!
Nos primeiros anos, com orçamentos mais apertados, planejávamos nossas viagens até o último centavo. Escolhíamos destinos pelo preço: esse cabe no orçamento, esse não. Enquanto nosso filho não entrou no pré, procurávamos viajar sempre em agosto ou setembro, épocas em que os preços são bem mais baixos do que nas férias. E escolhendo os lugares pelo orçamento, podíamos ficar tranquilos sabendo que não teríamos dificuldades para pagar, e o resultado era uma viagem mais relaxada, em que não precisávamos ficar contando os centavos de cada refeição, de cada passeio. E, para dizer a verdade, enquanto a criança tem menos de 2 anos as viagens são muito econômicas: ele paga valor menor na passagem aérea, geralmente não paga nada nos hotéis e passeios, e quando chega no restaurante geralmente se contenta com um pouquinho da comida dos adultos, não sendo necessário pedir um prato só pra ele... Que economia!

Até hoje, sempre planejamos nossas viagens aproveitando o melhor custo-benefício, pois acreditamos sinceramente que não é preciso luxo para se divertir. Cada viagem que fazemos traz tantas experiências e lembranças, que é até difícil colocar em palavras. Para nosso filho, essas memórias estão pouco a pouco formando um tesouro inestimável, conquistado em cada lugar que visitamos e consolidado em casa, nas conversas sobre a viagem, revendo fotos e os vídeos que gravamos, contando para as pessoas mais queridas sobre todas as maravilhas que ele viu longe de casa.

A criança madura: ajudando os pais a fazer o itinerário
Agora, cada viagem que começamos a planejar é uma empreitada familiar. Às vezes nosso filho dá a ideia, como quando fomos para Barcelona. Às vezes somos nós, pais, que queremos fazer uma viagem especial para agradar a ele, como no Beach Park. Mas na maioria das vezes, não importa de quem tenha partido a ideia, nossas viagens são pensadas, planejadas, antecipadas e vivenciadas muito antes de sairmos pela porta de casa. Conversamos sobre o que vamos ver, compramos guias e livros sobre o lugar, visitamos sites e vemos revistas para escolher os melhores lugares para conhecer.

Sabemos que teremos poucas (ou apenas uma!) oportunidades de visitar cada lugar, então procuramos nos informar sobre tudo que há naquele destino. Assim podemos escolher só o melhor do melhor (para nós, é claro, pois o "melhor" é diferente de pessoa para pessoa), e tirar o máximo proveito de nossa viagem. Quer isso signifique visitar todos os museus de uma cidade, quer signifique apenas ficar hospedado perto de um playground, tirar o máximo proveito é nosso principal objetivo. Por isso conversamos, pesquisamos, lemos e nos informamos ao máximo sobre cada destino que resolvemos visitar!

Viajando com criança a reboque a flexibilidade sempre fica prejudicada. Talvez por isso muitos pais prefiram deixar os pequenos em casa, e viajar a sós - afinal, assim se aproveita muito mais em menos tempo. Mas, se optar por levar as crianças, apesar de muito mais trabalho, planejamento e "amarras", a viagem com certeza será inesquecível. Para isso, a pesquisa antes de sair de casa ganha importância. Por exemplo, já deixamos de reservar determinados resorts quando nosso filho era bem pequeno devido ao tempo de traslado do aeroporto até o lugar. Você sabia que alguns resorts ficam a até 4 horas de viagem dos aeroportos? Com adultos ou crianças maiores, pode não ser grande coisa, mas com um bebê isso faz toda a diferença, não importa quão lindo seja o resort!

E agora escrevemos sobre tudo isso...
Com esse blog, finalmente começamos a fazer uma pequena compilação das viagens que já fizemos. Nossa vontade é compartilhar tudo de bom que encontramos em nossos caminhos, e quem sabe contaminar todos os nossos leitores com aquele vírus que nos pegou ainda na adolescência... Além, é claro, de dar alguns avisos sobre coisas ou situações que não achamos tão boas.

Gostaríamos que todas as famílias percebessem o quanto é gratificante viajar juntos. É claro que há restrições de tempo e dinheiro, mas a maior restrição que existe é o desconhecimento. Desconhecimento de quanto podemos ganhar como família fazendo viagens juntos, desconhecimento de como começar a planejar uma viagem, e, é claro, medo de tudo isso que desconhecemos!

Uma vez ouvimos a história de um conhecido nosso, que contava como era importante a viagem anual que fazia com seus três filhos. Antes do nascimento das crianças, esse casal fez uma viagem aos Estados Unidos, onde alugou um carro, apesar de mal saber falar inglês. De repente, viram-se perdidos em alguma estrada desconhecida, sem saber direito o idioma. Nessa hora, perceberam que eram só os dois, num país estranho, tendo que encontrar um caminho sem saber como. É claro que, olhando em retrospecto, não era tão aventureiro assim, mas naquele momento foi o que pareceu! Depois dessas primeiras viagens, todos os anos a família viajava com os filhos para algum lugar diferente. Agora que seus filhos estão crescidos, chegando na casa dos 30 anos, esse senhor nos relata que as viagens anuais continuam como uma tradição familiar, e que é um dos poucos momentos do ano em que todos ficam realmente conectados.

Nossa mensagem para você: viajar em família é muito bom!
Ficar juntos é, em nossa opinião, uma das maiores alegrias de se viajar juntos. Enquanto ficamos em casa, somos consumidos por um turbilhão de coisas a fazer, horários a cumprir, compromissos a comparecer. Mal e mal temos tempo para um jantar junto com nossos filhos. Então, quando pegamos a estrada, passamos 24 horas por dia juntos, em todas as refeições, em todos os passeios, dormindo no mesmo quarto, fazendo tudo juntos. Temos tempo de prestar atenção uns nos outros, descobrimos coisas novas que nossos filhos aprenderam e que não tínhamos ideia, encontramos em nós recursos em momentos de crise nas viagens (SEMPRE tem crises nas viagens!), que nem sabíamos existirem. Por tudo isso, podemos afirmar sem hesitação e com algum conhecimento de causa: viajar é muito bom; em família, melhor ainda!

Veja no mapa os lugares que já visitamos enquanto família:



Texto gentilmente revisado por A.K.Arahata.